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Arquitectura

 

Campo Comum: Ciclo de conferências que junta Trienal e CCB

10 de fevereiro de 2020

Campo Comum é o novo ciclo de conferências que resulta da parceria entre o CCB/Garagem Sul e a Trienal de Lisboa para o triénio 2020/2022 a partir da complementaridade das Conferências da Garagem com a Distância Crítica. Este ciclo terá um total de 12 conferências, quatro das quais foram hoje dadas a conhecer pela dupla responsável pela curadoria, Diana Meninoe Felipe De Ferrari.

Em discurso directo, a dupla curatorial apresentou Campo Comum como "conceito crítico no contexto presente da neoliberalização e crise política, o mesmo que exige uma avaliação do conceito de senso comum. Sendo que a arquitectura deve ser compreendida como atitude estratégica em relação ao espaço e aos recursos, este programa procura discutir a disciplina no sentido mais literal do termo: um corpo de conhecimentos colectivo em permanente construção que convoca diferentes forças, perspectivas e abordagens. Há uma emergência no repensar da forma como olhamos a arquitectura, abrindo um diálogo entre diferentes práticas, na tentativa de criar uma rede plural de ideias e apostar em novos modelos que fomentam a participação e o envolvimento da sociedade civil. 

Neste quadro, as conferências de 2020 vão trazer a Lisboa vários profissionais, académicos e editores.

O programa inicia-se em Março com o atelier Dogma, fundado por Pier Vittorio Aureli e Martino Tattara sediado em Bruxelas, que, através dos seus mais recentes projectos de habitação colectiva, apresenta uma concepção da arquitectura como prática política, da cidade como projecto e, de como podemos viver melhor em comunidade.

Em Maio, o atelier catalão Harquitectes, fundado por David Lorente,Josep Ricart, Xavier Ros e Roger Tudó, apresenta trabalhos em que destaca a estandardização de elementos e a adopção de comportamentos passivos. A sua abordagem mostra as possibilidades de uma arquitectura sem estatuto dar corpo a significados alternativos, uma ideia que estes autores têm vindo a desenvolver.

No Outono, o atelier suíço Denkstatt, fundado por Barbara Buser e Max Honegger, irá focar-se na transformação e reutilização de edifícios. Barbara Buser apresenta como desenvolve uma abordagem estratégica e pragmática a estruturas pré-existentes, destacando o papel dos arquitectos como mediadores em processos complexos numa teia de partes interessadas.

O ano encerra com um diálogo em torno do pensamento crítico, agendas editoriais e autodidatismo. Para esse debate foram convidados Maria Giudici, fundadora da Black Square e actual editora da colecção AA Files, e Moisés Puente, editor da revista 2G e fundador da Puente Editores, que vão apresentar "Arquitectura Impressa" e revelar posições críticas a propósito do estado actual da edição e da arquitectura na Europa, da pesquisa à construção.

Este programa resulta de um Open Call internacional, lançado em Maio de 2019, que recebeu 26 propostas provenientes de onze países. O júri, composto por José Mateus, Manuel Henriques, Madalena Reis, André Tavares e Irina Davidovici, salientou que este é "um programa que se destacou pela sua pertinência e adequação. "Uma distinta e aliciante proposta conceptual que sustenta potencial para uma profunda reflexão sobre algumas das principais questões levantadas pela arquitectura contemporânea, entendida aqui num sentido amplo e com claro envolvimento multidisciplinar”.

A identidade visual foi concebida pelo atelier Desisto que, a partir da utilização de uma tipografia forte a que se junta um sistema gráfico flexível, se transforma também ela num organismo plural e dinâmico, que nunca perde personalidade apesar das transformações e adaptações.