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Sustentabilidade

 

Edifícios sustentáveis:Novo tipo de argamassa cria fachadas vivas

30 de outubro de 2018

Um grupo de investigadores portugueses está a desenvolver um novo tipo de argamassa, biorecetiva ao crescimento de musgo, que representa uma inovação no sector da construção sustentável.

Trata-se de uma investigação que pretende contribuir com uma alternativa, mais económica e ecológica, às fachadas vivas tradicionais. Este foi um dos 15 projectos contemplados com uma Bolsas de Ignição financiada pelo INOV C 2020, um projecto suportado por fundos do FEDER que pretende alavancar ideias de empreendedorismo e inovação a nível nacional.

O aumento da qualidade ambiental das cidades e da eficiência energética dos edifícios, assim como o melhoramento do conforto térmico e acústico das construções onde for implementado este novo sistema de fachada viva, são algumas das vantagens do desenvolvimento deste tipo de argamassa que revela ser recetiva à inoculação e crescimento de musgos. Este é um projecto que está a ser realizado no Instituto de Investigação e Desenvolvimento Tecnológico para a Construção, Energia, Ambiente e Sustentabilidade (ITeCons) da Universidade de Coimbra.

A modificação das argamassas convencionais para aumentar a biorecetividade a organismos vivos e transformá-las em substrato para o desenvolvimento de vegetação é uma forma de responder ao desafio da construção sustentável. Neste caso, a argamassa contendo musgos apresenta-se como uma solução de revestimento verde que otimiza a sustentabilidade ambiental da fachada viva, no que diz respeito à eficiência energética, necessidade de manutenção e de irrigação.

 Maria Inês Santos, investigadora e porta-voz do projecto, explica que "este novo tipo de argamassa, biorecetiva e propícia ao crescimento de musgos, potencia a concepção de fachadas verdes mais simples, económicas e de baixa manutenção. O desenvolvimento da investigação científica trará vantagens do ponto de vista ambiental e ecológico, como a captação de CO2e a redução de consumo energético devido ao melhor isolamento térmico dos edifícios, mas também ao nível económico e social, tratando-se de uma solução menos dispendiosa e mais acessível a um maior número de pessoas". 

Em comunicado, a equipa de investigação revela que o projecto passará por uma fase de concepção e formulação das argamassas biorecetivas ao crescimento de macroflora pioneira (ex: musgos) e selecção das espécies de musgos mais adequadas, seguindo-se a aplicação em modelos de paredes, fase na qual serão realizados ensaios mecânicos e físicos, bem como a avaliação de parâmetros fisiológicos necessários. Do projecto, realizado em parceria com a empresa Primefix – Colas e Argamassas Técnicas Lda, deverá resultar a formulação de novas argamassas biorecetivas, com potencial de mercado.

As Bolsas de Ignição do programa INOV C 2020 foram atribuídas em Julho de 2018 a quinze projectos de investigação científica com aplicabilidade comercial. Os projectos representam um investimento total de 150.000 mil euros, com um financiamento FEDER máximo de 8.500 euros por cada bolsa. 

Do consórcio INOV C 2020, liderado pela Universidade de Coimbra, fazem parte dez parceiros nucleares: o Instituto Politécnico de Coimbra, o Instituto Politécnico de Leiria, o Instituto Politécnico de Tomar, o Instituto Pedro Nunes, o ITeCons, o SerQ, a ABAP, a Obitec e o TagusValley. 

O INOV C 2020 é um projecto estratégico cofinanciado pelo Centro 2020, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), com um prazo de execução compreendido entre 18 de abril de 2017 e 17 de Abril de 2019. Os parceiros executarão um investimento total de 1.627.614 euros, sendo o montante de 1.383.472 euros financiado pelo FEDER.