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Porto: Palacete Silva Monteiro vai ser Casa de Cultura

1 de julho de 2021

O Palacete Silva Monteiro, edifício do século XVII localizado no Porto e actual sede da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes (CVRVV), vai transformar-se em 2023 num espaço cultural e o jardim abre este Verão ao público.

“Queremos transformar o Palacete Silva Monteiro num espaço de cultura, numa referência cultural da cidade. Queremos dar um contributo à cultura com exposições, conferências, concertos, teatro, fotografia, e esperamos abrir o espaço à cidade em 2023. Até lá vamos fazendo experiências pontuais”, como, por exemplo, um festival de cinema no jardim já neste Verão, avançou hoje à Lusa Manuel Pinheiro, presidente da CVRVV.

 

Um restauro longo e qualificado

À margem da apresentação do plano de restauro e recuperação do Palacete Silva Monteiro, cujos trabalhos estão a ser realizados desde 2019 por turmas do Curso de Restauro da Universidade Católica do Porto, sob orientação da professora Eduarda Vieira, Manuel Pinheiro estima que até 2023 as obras de restauro da parte principal da casa terminem, mas “depende do calendário das aulas”.

A sede da Comissão de Viticultura da Região dos Vinhos Verdes instalou-se em 1944 no palacete localizado na Rua da Restauração, mas vai mudar-se para um edifício contíguo.

“O projeto já está aprocvado”, adiantou o presidente da CVRVV, referindo que vão concessionar um bar no jardim do palacete já este Verão, onde o ‘wine bar’ vai ter “vinhos verdes a copo e petiscos”.

O Palacete Silva Monteiro, também conhecido por Casa do Vinho Verde e que tem uma das mais “belas claraboias” da cidade do Porto, segundo declarou hoje o historiador Joel Cleto, durante a visita guiada que fez ao edifício, é constituído por várias salas sociais viradas para a Rua da Restauração, evocando ora o “romantismo”, ora o “neogótico” com arcos quebrados, ora o “neomanuelino”.

Joel Cleto destacou a “Sala Chinesa”, considerando-a uma “sala chique a valer”, como diria o escritor Eça de Queirós, decorada a betão preto e vermelho, e que é também chamada de ‘fumoir’, pois destinava-se a sala de recepção de convidados, que ali fumavam, na época do conde António Silva Monteiro, que adquiriu a casa em 1871.

 

A “mais luxuosa habitação da cidade”?

A Casa do Vinho Verde, virada a sul sobre o rio Douro, é considerada a “mais luxuosa habitação da cidade”, que mantém o carisma da segunda metade de oitocentos e que é um exemplo da passagem dos “brasileiros de torna viagem” pela cidade, pois António Silva Monteiro emigrou para o Brasil depois da família perder a fortuna na altura das lutas liberais, regência de D. Miguel e Cerco do Porto, regressando mais tarde ao Porto, com nova fortuna feita no Brasil.

A casa é descrita por Joel Cleto como um “certo gosto pelo passado”, mas também “marcada pelo modernismo”.

"É uma casa revivalista, eclética, que nos remete para vários estilos, mas é também uma casa moderna, tal como os vinhos verdes, que também conseguiram revitalizar-se e modernizar-se ao longo dos tempos”, considerou o historiador.

 

Uma peça de arte

O piso térreo, o "piso das festas", está com as obras de restauro praticamente concluídas, destacando-se os trabalhos na Sala Dourada", e o restauro está a decorrer "em fase avançada" no segundo piso, o "piso da intimidade" da casa, na zona do vestíbulo que dá acesso aos quartos, explicou à Lusa a professora Eduarda Vieira, destacando o revestimento das paredes com "pinturas de fingidos", que imitam materiais nobres, tais como o mármore.

Lusa/DI