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Reabilitacao

 

 

Mercado continua ‘quentíssimo’

8 de abril de 2019

A reabilitação urbana não se verifica apenas nos eixos centrais da cidade de Lisboa, neste momento,vai se estendendo para as periferias e os preços vão continuar a subir mas com tendência a nivelar. Esta é a opinião de Ana Gomes, Associate, Diretora de Promoção e Reabilitação Urbana da Cushman & Wakefield, que acrescenta ainda que “o mercado continua quentíssimo. Há muito interesse na aquisição de edifícios para reconversão e reabilitação em praticamente toda a cidade e não apenas nas zonas mais centrais ou históricas”.

Apesar deste cenário positivo, a responsável adianta que existem no entanto, três factores que estão a condicionar o mercado: “A incerteza do tempo necessário para obter licenciamento, novas regras relacionadas com o mercado de arrendamento que vão sendo sucessivamente aplicadas pelo governo e a escalada dos custos de construção. Todos representam um risco acrescido para investidores e estão claramente a ser repercutidos nas análises de investimento, especialmente em Lisboa”.

Ana Gomes  admite que a procura está a crescer, tanto em Lisboa como no Porto. “Lisboa foi recentemente classificada como a cidade nº 1 na Europa para investimento em imobiliário sendo que o segmento da reabilitação urbana desempenha um papel fundamental nessa classificação. Há todo um movimento de renovação, modernização e dinamização destas cidades que está em marcha”. A diretora da C&W acrescenta ainda que este movimento continua a ser muito estimulado pelo interesse turístico, mas também pela qualidade de vida, segurança e preços competitivos. “O fenómeno no Porto é mais recente, mas igualmente forte. E acreditamos que vai continuar, mesmo que se confirma um abrandamento da economia”.

Para este mercado continua a existir uma enorme procura por compradores estrangeiros, especialmente nas zonas mais centrais das cidades porque os preços, a qualidade da oferta e as características das cidades e do país continuam a sobressair. “Mas existe também uma crescente procura por parte de portugueses”, assegura a responsável.

Quanto à escalado dos preços nas cidades de Lisboa e do Porto, a especialista acredita que no geral, continuarão a crescer, mas com tendência para nivelar. “A crescer porque a procura continua a aumentar. Mas com tendência a nivelar porque o tempo de licenciamento é cada vez mais incerto e os custos de construção continuam a escalar. Ambos resultam num aumento do risco que acaba por ser refletido mais nos custos para os promotores do que no comprador final”.

Na sua opinião, a maioria da reabilitação é de qualidade. “A ideia do ‘fachadismo’ pode vir da maior flexibilidade do licenciamento. Mas isso não significa que os edifícios não sejam, muitas vezes, integralmente e adequadamente reabilitados. Tratam-se, muitas vezes, de edifícios centenários, com estruturas fragilizadas e com especificidades construtivas mais complexas e demoradas do que qualquer construção nova”, assegura. Ana Gomes refere mesmo que os edifícios têm que ser reabilitados de acordo com regulamentos específicos e devem poder dar resposta adequada a uma série de especificações energéticas e de segurança, até para que os promotores possam usufruir dos benefícios fiscais disponíveis para estas operações.  

*Texto publicado na edição em papel do Diário Imobiliário no Jornal Económico. Escrito com o novo Acordo Ortográfico