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Câmara de Lisboa compra histórica “Vila Dias”

1 de março de 2020

A Vila Dias, antigo bairro operário no Beato, foi vendida à Câmara Municipal de Lisboa (CML) por 3,8 milhões de euros e o futuro da Vila passará por habitação para arrendamento acessível, disse hoje o ex-proprietário.

José Morais Rocha disse que a venda por 3,8 milhões de euros pressupõe a desistência de ambas as partes das acções judiciais entretanto interpostas, como noticiou hoje o jornal Público, e que o acordo de venda foi assinado na noite de sexta-feira, “já bem tarde”, pondo um ponto final numa disputa imobiliária que se arrastava há cerca de dois anos.

 

Um bairro muito degradado...

“Não há nada a acrescentar. Era um projecto que eu tinha, um projecto muito interessante que tinha para desenvolver, mas a CML quer desenvolver ali habitação para rendas mais económicas e tem um objectivo muito concreto para aquela zona. Não valia a pena ficar a discutir mais com a CML. Não era o negócio que eu perspectivava em termos de rentabilidade, mas também temos que atender às necessidades da CML e da população. E pronto, chegámos a um acordo”, disse à Lusa José Morais Rocha.

Na semana passada, numa reunião descentralizada da CML para ouvir os munícipes de Marvila e Beato, o presidente da autarquia, Fernando Medina (PS), já sinalizava que o acordo poderia estar próximo.

Na altura, Hugo Marques, da Associação de Moradores das Vilas Operárias do Beato, defendeu que “esta vila já devia ser municipal” e lamentou a morosidade do processo.

O morador denunciou a falta de condições da vila, realçando que “não existem esgotos” e que “chove em casa das pessoas como chove na rua”.

Apesar de o proprietário ter sido intimado a realizar as obras necessárias no edificado, Hugo Marques disse que estas não foram cumpridas.

Em resposta, o presidente da Câmara de Lisboa garantiu que a Vila Dias iria ser “um bairro municipal” e que os residentes iriam ter “finalmente estabilidade do ponto de vista da permanência nas suas casas”.

“A solução está bastante mais perto do que longe”, salientou na altura Medina, acrescentando que a intenção da autarquia, depois de a situação estar resolvida, é criar em conjunto com os moradores um projecto de requalificação daquela antiga vila operária e que estes não iriam ser expulsos.

Em 21 de Dezembro de 2017, a câmara municipal aprovou a autorização para a aquisição da Vila Dias, na freguesia do Beato, por 1,3 milhões de euros, por "exercício do direito legal de preferência, na condição de o município de Lisboa vir a obter procedência na acção judicial" a decorrer.

Na altura, a vereadora da Habitação da Câmara Municipal de Lisboa, Paula Marques, afirmou à agência Lusa que o município não iria desistir de adquirir a Vila Dias.

A autarca lembrou que "no final do Verão [2017] a câmara intentou uma acção junto do tribunal para poder exercer o direito de preferência" e adquirir a vila com mais de 100 anos.

Lusa/DI