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Portais imobiliários asfixiam empresas de mediação imobiliária

19 de outubro de 2021

A ASMIP - Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal alerta para o facto dos portais estarem a prejudicar as empresas de mediação.

Em comunicado, a associação esclarece que não é contra a existência dos portais mas na sua opinião, estes criaram a necessidade com serviços iniciais gratuitos. "Agora fazem uso dessa dependência para aumentarem preços e imporem regras, em alguns casos abusivas, chegando a fazer concorrência aos seus clientes na mediação e na intermediação de créditos, e/ou a permitirem-se vender o serviço a ilegais", admitem.

"Em plena pandemia, e apesar de algumas quebras, o sector tem registado uma resiliência em valores transaccionados e crédito à habitação, que vão mantendo em alta as expectativas das empresas de mediação imobiliária.

Não obstante, existe alguma incerteza sobre como, e até quando, se aguentará esta pujança, perante o aumento do custo de algumas matérias-primas, da energia, da mão de obra (cara e escassa), que em conjunto poderão provocar subidas dos preços, eventual abrandamento da procura, e, consequentemente, redução do número de negócios.

No meio deste cocktail, a principal factura das empresas de mediação, tem vindo a subir em flecha por força da pressão de alguns portais, que ao atingirem certos graus de monopólio se fazem valer disso para subirem preços, nalguns casos em 100%", explica.

A ASMIP avança ainda que cumulativamente aos custos mensais fixos, criam as mais variadas formas de destacar imóveis, cobrando substanciais acréscimos de custo, sob pena dos que não pagam não surgirem nas pesquisas. "Na prática paga-se para estar presente, mas só investindo forte em destaques se obtém resultados. Quem não o fizer é levado a crer que está condenado. No fundo é como comprar um carro, mas só pagando várias mensalidades extra o podemos utilizar".

Admitem que este sistema é altamente prejudicial para a sobrevivência de muitas empresas de mediação. Sejam das mais limitadas financeiramente, ou das mais robustas, todas precisam de facturar. No mínimo, à medida dos seus encargos.

A associação lembra ainda que depois de quase todos os portais permitirem anúncios de particulares ou empresas ilegais, "já assistimos à criação de empresas de mediação próprias para partilhar negócios com os seus próprios clientes, ao apoio de startups que pretendiam anular a cadeia de valor da mediação imobiliária, à tentativa de imposição de um CRM exclusivo para anunciar num portal, e mais recentemente já temos quem venda espaço publicitário nos anúncios pagos por nós, ou os use em proveito próprio através de empresa criada para o efeito. Trata-se da tentativa da ‘pesca de arrasto’ aos potenciais interessados em crédito bancário. Basta o interessado num dos nossos anúncios fazer simulação do crédito para esse imóvel, o que obriga ao seu registo com NIF, para que o nosso fornecedor de serviço, já pago para o efeito, beneficie duplamente do nosso anúncio, ficando com direitos financeiros sobre um futuro crédito, uma vez que a empresa de mediação/intermediação, já não poderá registar na banca, esse cliente como seu".

A ASMIP considera que se trata de abusos de posições dominantes que urge apontar, e travar. "Demos nota deste texto junto das 900 empresas associadas da ASMIP, mas também de todas as empresas de mediação e da fileira do imobiliário. Têm-nos chegado inúmeras queixas, e casos de empresas que, arriscaram e decidiram deixar de estar sujeitas a estes ‘jugos’. Não estamos contra a existência destes portais, que fazem parte do negócio, mas não aceitamos as suas irracionais e crescentes tiranias em prejuízo da classe", conclui a associação.