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Lisboetas não querem contentores na Praça do Martim Moniz

21 de novembro de 2018

Na apresentação de requalificação da Praça do Martim Moniz, os lisboetas presentes defenderam que o espaço deve ser um jardim e não conter contentores, como prevê o projecto, mas a Câmara de Lisboa respondeu não poder prometer nada.

O projecto de requalificação da placa central da praça, que será responsabilidade do concessionário e deverá começar “em breve”, prevê a substituição das estruturas comerciais existentes actualmente por contentores, que serão reciclados e adaptados para receber maioritariamente restauração e comércio local.

Em representação do concessionário que explora o local, Paulo Silva apontou que a “praça apresenta alguns problemas e tem uma oferta comercial reduzida”, o que justifica esta intervenção, que dotará também a zona de um parque infantil.

Segundo foi explicado na apresentação, a área de implantação decresce face ao que existe atualmente, e estes módulos deverão ter, na sua maioria, apenas um piso, mas em casos pontuais poderão ser dotados de mais uma zona que funcionará como terraço.

Paulo Silva referiu também que a praça não será vedada em nenhuma altura, e será decorada com arte urbana.

O objectivo do concessionário é também continuar a “desenvolver eventos culturais com a comunidade”, como já acontece.

O projecto foi apresentado aos lisboetas na terça-feira à noite, por iniciativa da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, mas não agradou aos presentes.

Durante o debate, foram vários os moradores que pediram que nasça um jardim naquele local, apontando que atualmente já sofrem com o ruído e insegurança que se gera na zona.

Na opinião de Fernanda, moradora na Rua da Madalena e uma das primeiras a tomar a palavra, “as pessoas precisam que a baixa não seja um restaurante a céu aberto”, mas sim de “espaços verdes, espaços de vazio e silêncio”.

Para a moradora, os contentores, que o projecto prevê que venham a ser decorados com recurso a arte urbana, “são lindíssimos mas não é para aqui”.

Esta opinião foi partilhada por outra munícipe, que considerou que “os contentores ficam muito bem é nos navios do Tejo”.

“Do que vi aqui, só falta um carrossel para isto ser a feira popular”, disse Maria João, manifestando preocupação de que este projecto seja direccionado para turistas e não para a população local.

Na opinião de Susana, esta seria uma “grande oportunidade” para um espaço verde, dado que “esta zona da cidade não tem jardins públicos”.

Em resposta, o vereador do Urbanismo da Câmara Municipal de Lisboa, Manuel Salgado (PS), afirmou ter registado as preocupações e opiniões dos populares quando ao projecto “que está para aprovação” do município, e disse que as ideias serão “discutidas com o executivo”.

“Ouvi que a larga maioria prefere um jardim público, e isso ficou muito claro no meu espírito e no meu registo […] mas não vos vou prometer nada”, salientou o autarca.

No debate, o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (também eleito socialista) adiantou que a junta pediu à Câmara que lhe passasse a concessão da praça do Martim Moniz, mas viu esse pedido negado.

Já no início deste ano, a autarquia sugeriu que fosse criado ali um espaço verde e um parque de lazer.

“Pessoalmente acho este projecto [agora apresentado] desadequado”, salientou, considerando que aquela praça “não precisa de mais esplanadas, e nem de actividade nocturna”.

Por isso, a Junta vai pedir para lhe ser atribuída a responsabilidade de decisão quanto à realização de eventos que possam perturbar o descanso dos moradores.

Quanto a isto, Paulo Silva alegou que os contratos que serão celebrados para ocupação dos contentores já terão prevista a limitação do ruído, e que “haverá um cuidado criterioso na escolha dos inquilinos da praça”, por não ser intenção do concessionário “criar uma perturbação”.

LUSA/DI

http://www.diarioimobiliario.pt/Actualidade/Praca-do-Martim-Moniz-em-Lisboa-vai-ser-requalificada