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Lisboa: 223 anos depois, Palácio da Ajuda vai ser concluído

17 de setembro de 2016

Sempre conhecemos o Palácio da Ajuda, em Lisboa — a última residência oficial da família real portuguesa — como um monumento digno, mas cruelmente inacabado e, por isso, incapaz de se afirmar em todo o seu esplendor monumental e arquitectónico. E essa falha sem perdão não poderia ser assacada ao terrível terramoto de 1755, já que a sua construção apenas começou 40 anos depois daquele cataclismo que se abateu sobre Portugal, em particular sobre a zona de Lisboa e da região do Algarve.   

Finalmente as obras para a conclusão da inacabada fachada norte vão ter lugar e tudo aponta para que possam estar concluídas no final de 2018.

Já em Junho passado, numa sessão na Assembleia da República, o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes havia afirmado: "As obras vão ser custeadas pelo seguro do roubo das jóias [da coroa portuguesa durante uma exposição num museu em Haia, Holanda, em 2002], com um apoio financeiro da Câmara Municipal de Lisboa".

O Estado português viria a ser indemnizado em seis milhões de euros pelo roubo de um lote de joias que incluía um diamante de 135 quilates, um par de alfinetes em ouro e platina, com diamantes rosa e brilhantes, uma gargantilha com 32 brilhantes, em prata e ouro, um anel de D. João VI, com um diamante de 37 quilates, em prata e ouro, e um castão de bengala de D. José I, em ouro, com 387 brilhantes.

A solução arquitectónica para a conclusão do palácio tem a assinatura do arquitecto João Carlos dos Santos, um projecto que enobrece o imóvel e, estamos em crer, certamente não suscitará oposição ou controvérsia.  Depois da sua conclusão, em finais de 2018, será inaugurada uma exposição permanente das joias da Coroa Portuguesa, uma das maiores colecções do género no mundo.

 

O Palácio da Ajuda sucedeu à “Real Barraca”…

 

O Palácio Nacional da Ajuda, ou Paço de Nossa Senhora da Ajuda,  foi residência oficial da família real portuguesa  a partir do reinado de D. Luís I (1861-1889) até ao final da Monarquia e a implantação da República.

Em 1910, instaurada a República e exilada a família real, o palácio foi encerrado. Conserva ainda hoje a disposição e decoração dos aposentos tipicamente oitocentistas. O palácio foi aberto ao público em 1968 como museu.

Implantado no local onde a família real portuguesa construiu a "Real Barraca" após o terramoto de 1755 — um enorme edifício em madeira que viria a ser destruído por um incêndio — o Palácio da Ajuda começou a ser construído em 1795 segundo um projecto de Manuel Caetano de Sousa. Depois o plano sofreria uma evolução significativa, com a introdução da estética neoclássica e as novas formulações dos arquitectos Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva.

Com a instalação da definitiva da família real no reinado de D. Luís I, o palácio sofreu algumas evoluções estéticas, de intimidade e conforto mais condizentes com os gostos burgueses da época, de que foi responsável Joaquim Possidónio Narciso da Silva.

Situado no alto da colina da Ajuda, com vista deslumbrante sobre o rio Tejo, o Palácio integra importantes colecções de artes decorativas dos séculos XVIII e XIX: ourivesaria, tapeçaria, mobiliário, vidro e cerâmica, bem como coleções de pintura, gravura, escultura e fotografia.

O seu interior é magnífico, com várias salas impressionantes, como a Sala do Trono, a Sala dos Grandes Jantares ou a Sala do Despacho.

Dois pisos do palácio são visitáveis, e formam um grande museu de artes decorativas do século XV ao século XX. “Tem uma notável e variada colecção de relógios, e um serviço de jantar que é um dos poucos serviços reais da Europa que permaneceram intactos”.