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Licenciamento e custos de construção são os principais obstáculos para o surgimento de novos projectos

18 de fevereiro de 2020

O licenciamento e os custos de construção são apontados como os principais obstáculos à actividade de promoção imobiliária.

Segundo os mais recentes resultados do Portuguese Property Investment Survey, a falta de oferta residencial prende-se além dos obstáculos já referidos, prende-se também com um sentimento de incerteza entre os promotores quanto à evolução futura dos preços e da procura residencial.

Para Hugo Santos Ferreira, Vice-Presidente Executivo da APPII (Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários), “de acordo com esses resultados, apesar dos investidores terem uma perspetiva positiva quanto a 2020, manifestam preocupação com as crescentes dificuldades no licenciamento e enquadramento legislativo. Tais dificuldades vêm prejudicar o objetivo de aumento da oferta no mercado, em particular habitacional, vindo agravar a pressão já sentida em resultado da redução da procura decorrente das recentes alterações legislativas”.

No inquérito referente ao 1º trimestre de 2020, o processo de licenciamento é considerado como o tema mais preocupante enquanto factor inibidor da actividade de promoção, atingindo um índice de pressão de 95%. Seguem-se os custos de construção (que atingem um índice de 84%).

Quanto à evolução dos preços e vendas para os próximos três meses, não há um claro consenso entre os promotores. No que se refere aos preços, 72% dos promotores antecipa uma estabilização, mas os outros 28% dividem-se entre perspectivas de evolução positiva e negativa, gerando, assim, um saldo líquido de respostas nulo, ou seja, abaixo dos +3 pontos observados no inquérito anterior. Quanto às vendas, parece haver menor apreensão, com o indicador de sentimento a melhorar de -24 pontos para -8 pontos neste inquérito, embora mantendo-se em terreno negativo.

As preocupações relativas aos constrangimentos da actividade e a incerteza quanto à evolução dos preços e da procura parecem não estar a afectar as intenções de investimento, com 79% dos inquiridos a confirmar intenção de lançar novos projectos e 55% a indicar estar activamente à procura de terrenos para novas promoções. No inquérito anterior esses indicadores eram de, respectivamente, 75% e 54%.

O relatório indica ainda que há uma alteração no perfil do investimento, com a cidade de Lisboa a perder peso em favor das cidades na sua envolvente, um padrão que contribui para acentuar a redução de quota da reabilitação urbana, que desce de 38% para 29% das intenções de investimento.  Também nessa linha, entre os inquiridos, a quota de novos projectos estritamente orientados para a procura internacional passou de 43% para 25%, sendo compensada pela subida de 28% para 45% nos projectos que visam ambos os públicos (nacional e internacional). O único segmento que não beneficiou dessa mudança é o do arrendamento. Se no trimestre anterior 69% dos promotores consideravam esse mercado atractivo, essa percentagem caiu para 49%. Este resultado pode eventualmente estar ligado com o aumento do impacto atribuído à instabilidade legislativa e fiscal no leque de obstáculos à actividade, agora apontada por 72% dos inquiridos como um constrangimento importante à realização do potencial de investimento em nova promoção.