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Investidores estrangeiros mantêm confiança no mercado português e vão investir fora de Lisboa e Porto

16 de junho de 2020

Apesar da pandemia do Covid-19, os investidores imobiliários estrangeiros que estão em Portugal vão continuar a expandir os seus negócios, sobretudo para fora de Lisboa e Porto. A Merlin Propreties, a Krest Real Estate Investments e a Kronos Homes irão manter a aposta no mercado imobiliário português.

O Diário Imobiliário entrevistou os CEO's destes grandes Grupos de promoção estrangeiros que estão a desenvolver projectos e a investir no mercado imobiliário nacional e todos são unânimes em afirmar que estão para ficar.

Claude Kandiyoti, CEO da belga Krest Real Estate Investments, revelou que a verdadeira oportunidade é começar a procurar outros locais e não apenas Lisboa e Porto.

O vice-presidente e CEO da Merlin, Ismael Clemente,  anuncia que a intenção da empresa é continuar a aumentar a sua exposição ao mercado imobiliário português, através de investimentos selectivos nos activos que consideram que contribuem para a carteira de imóveis actual como um todo.

Já Saïd Hejal, fundador e sócio gerente da Kronos Homes, acrescenta que, depois de se ter passado por uma crise de saúde como a que estamos a superar, é inquestionável que as pessoas procurem mais por lugares mais seguros e Portugal construiu sua reputação em torno desse conceito, “o país é visto como um porto seguro e acredito que da forma como ele administrou a pandemia apenas fortaleceu essa visão”.

Mesmo perante o optimismo as dificuldades existem

Para os três grandes investidores, Portugal entra na corrida da recuperação com todos os ingredientes necessários para o regresso ao investimento. Apesar do grande aumento de preços observado nos últimos anos, Claude Kandiyoti, assegura que ainda existem muitas oportunidades no mercado português. No entanto, admite que nem tudo são ‘rosas’. “A maior dificuldade para um investidor no mercado português é o licenciamento. Chegamos agora a um ponto em que calculamos que, se tudo correr bem, obteremos uma licença completa entre dois a três anos. Isso é pior do que antes da crise de 2008 e não parece melhorar”, alerta.

Um problema também apontado por Saïd Hejal, que considera ainda que para Portugal garantir essa recuperação no médio prazo, precisa de velocidade e agilidade no momento. “Para incentivar os compradores a manter seu investimento, o que é ainda mais crucial no momento, são necessários incentivos, como a isenção do pagamento de IMT e IMI durante o período de recuperação”.

Ismael Clemente, considera no entanto que o nosso mercado tem algumas vantagens que o faz muito competitivo e o torna atractivo. “Primeiro, porque o seu preço relativo é mais barato em comparação com outros mercados europeus, ou seja, existe um yield de arbitragem natural. Segundo, e talvez o mais importante, é a força dos fundamentos do mercado, como a forte procura ou falta de oferta que convidam ao optimismo”, assegura.

O CEO da Krest Real Estate Investments, indica que a Krest é hoje o maior investidor belga em Portugal. “Na verdade, sentimo-nos mais portugueses do que belgas e vemos Portugal como um país onde temos uma visão real de investir e desenvolver projectos ousados e inspiradores”, salienta Claude Kandiyoti. Acrescenta ainda que Portugal é um dos países mais apreciados da Europa. “E isso gerou um facto: Portugal precisa de investidores estrangeiros mais do que nunca e o investidor estrangeiro quer estar em Portugal. Essa é a equação que as autoridades portuguesas devem trabalhar”, salienta.

Também o responsável da Kronos admite que o interesse dos compradores estrangeiros continua. “Não temos dúvidas de que o interesse de nossos clientes - principalmente estrangeiros e, em particular, a comunidade britânica – continuará”, revela Saïd Hejal, que acrescenta ainda que no Amendoeira Golf Resort, “mantivemos a actividade comercial e o contacto com os clientes, apesar da quarentena, recorrendo a reuniões remotas e visitas em 3D que já estavam disponíveis antes dessa situação. Com isso, pudemos avançar com escrituras e contratos promissores de compra e venda”.

O vice-presidente e CEO da Merlin, confere também que Portugal soube, até agora e de forma exemplar, enfrentar a tempestade sanitária criada pelo coronavírus. “Fê-lo dando um exemplo de unidade democrática e com sensatez na tomada de decisões. Acredito que, com esses bons exemplos, a comunidade internacional valorize positivamente e construa confiança. E a confiança é o activo que conta quando os investidores (muitos com obrigações fiduciárias) investem num país”, afirma Ismael Clemente.

Um panorama que traz um prenúncio positivo ao mercado imobiliário português, exibindo a vontade dos investidores continuarem a apostar no imobiliário em Portugal.

De referir que a Krest Real Estate Investments, tem investimentos nas áreas de habitação, logística, comércio, hotelaria e escritórios em Portugal e na Bélgica, e apresenta hoje o primeiro hotel da marca Moxy em Portugal, no Parque das Nações, em Lisboa, num terreno que ao seu lado irá construir um edifício de escritórios designado por K-Tower,. Está ainda a desenvolver um projecto de uso misto no Porto e dois projectos residenciais no Algarve.

A Kronos Home, adquiriu o Amendoeira Golf Resort no Algarve e está a promover um condomínio residencial fechado no Parque das Nações em Lisboa e o Palmares Ocean Living & Golf, na zona da Meia Praia, em Lagos. O resort terá 103 villas, 350 apartamentos e um hotel de cinco estrelas.

A Merlin é a maior empresa imobiliária cotada em Espanha actualmente. Em Portugal detém uma carteira de ativos de cerca de mil milhões de euros, que inclui vários edifícios de escritórios, a plataforma logística de Lisboa Norte e dois espaços comerciais, o Almada Fórum e o Monumental. Em Janeiro estreou-se na praça lisboeta por ‘dual listing’, uma operação em que as mesmas acções que negoceiam em Espanha passam também a negociar na Euronext Lisbon.

Durante esta semana, o Diário Imobiliário irá publicar as entrevistas individuais destes investidores.