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Ilha de Moçambique: 620 anos depois de Vasco da Gama

18 de setembro de 2018

A ilha onde nasceu Moçambique, quando o navegador português Vasco da Gama ali desembarcou em 1498 comemora por estes dias o 2.º centenário de elevação a cidade. Em 1991 a UNESCO promoveu-a a Património da Humanidade, mas as obras de preservação do seu património avançam lentamente. As Nações Unidas pedem mais rapidez nalgumas intervenções – segundo revela a agência noticiosa alemã DW. Segundo esta, a UNESCO pediu há dois meses atrás às autoridades moçambicanas que terminem "prontamente" a actualização do plano de gestão da ilha, entre outras medidas regulamentares.

Da mesma forma, é pedida com celeridade a redefinição da "zona tampão", permitindo a "protecção de património arqueológico subaquático", assim como obras de emergência no antigo hospital, a par do arranque de acções de manutenção regular dos edifícios públicos – refere a notícia da DW.

"O Estado tem feito progressos face aos desafios colocados", no entanto, "combinar iniciativas privadas de conservação com necessidades locais continua a ser um desafio", refere o documento elaborado por uma missão da UNESCO que visitou há dias o território. A missão destaca a necessidade de "especialistas aconselharem o Estado a encontrar um uso apropriado para a Fortaleza de São Lourenço", depois de as autoridades terem rejeitado a conversão em hotel.

Intensificar a preservação patrimonial e envolver e população nesse objectivo

A missão da UNESCO alerta ainda para as desigualdades crescentes e recomenda que haja melhorias "urgentes" nas condições de vida dos bairros tradicionais da ilha, por forma a "adequarem-se ao estatuto de valor histórico para a humanidade" e educando a população como seus guardiões.

Ocupando uma área de 245 quilómetros quadrados, a ilha que foi a primeira capital de Moçambique estende-se por 3 km de comprimento por 300 a 400 metros de largura, estando ligada ao continente por uma ponte com cerca de 3 km de comprimento, construída nos anos 1960. Na ilha existem diversos monumentos históricos de grande interesse, como as Fortalezas de Dão Lourenço e São Sebastião, o Palácio dos Capitãos-Generais, ou a Igreja da Misericórdia. .

Segundo Aurélio Míria, antropólogo e docente universitário moçambicano, Moçambique precisa de repensar a importância da Ilha, que é "o mais emblemático de todos os monumentos que o país possui". "Nós podemos colher experiências de vários países para reabilitar a ilha. Os ganhos provenientes do turismo, embora poucos, podem servir para gerar alguma receita para compensar o investimento aplicado", referiu em declarações à DW.

Portugal tem sido um dos parceiros das autoridades locais com intervenções no âmbito da preservação e reabilitação do património histórico e cultural. O Cluster da Cooperação Portuguesa na Ilha de Moçambique incluiu um orçamento de um milhão de euros para a segunda fase de implementação (período 2015-2018).

No âmbito das comemorações do bicentenário como cidade, Portugal organizou um total de sete exposições, na Ilha e em Maputo, ao longo do ano e está projectar organizar outros dois seminários, além de dois documentários e mais sete actividades ligadas à cidadania e a boas práticas.