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Formação, inovação e tecnologia definem a nova geração

20 de setembro de 2018

São jovens empresários, players do mercado e o Diário Imobiliário falou com alguns para perceber o que trazem de novo, quais as expetativas e o que querem mudar no setor.

Hugo Santos Ferreira, vice-presidente da APPII – Associação Portuguesa dos Promotores e Investidores Imobiliários, é um dos exemplos de quem nos últimos anos, deu um novo impulso e trouxe dinamismo a uma das associações mais representativas do país. “Penso que é sempre bom quando vemos“sangue novo”, “fresco”, com toda a “garra” típica de uma nova geração a entrar numa área de atividade e isso é perfeitamente visível no nosso mercado. Estes profissionais têm sabido agarrar o mercado com toda a pujança, trazendo novos conhecimentos, ideias, estratégias e inovação, o que em muito veio alargar os horizontes de um mercado que era muito conservador e tradicional”, refere.  Todos são peremptórios em dizer que não se trata de quebrar com o passado, até porque essa experiência é a maiora prendizagem para o futuro. “Somos uma geração muito apta a ouvir os mais velhos, os que têm mais experiência que nós, o que depois podemos fazer é capitalizar todo esse know how que sempre vem da experiência, de forma a integrá-lo e colocá-lo ao dispor dos novos conhecimentos e da nova tecnologia, originando algo que sempre será um plus” ,admite o responsável.

João Sousa,CEO do JPS Group é um jovem promotor qu eestá a desenvolver alguns dos grandes empreendimentos na zona da Grande Lisboa. João Sousa,admite que“os novos players reinventam-se e procuram projetos que sejam viáveis independentemente das zonas onde se inserem”. O responsável acrescenta que atualmente existe por exemplo, um maior cuidado por parte desta geração de promotores na satisfação do cliente desde o início do processo até ao final e um maior cuidado na gestão do investimento para evitar “derrapagens” na obra. “Todos os processos estão muito mais profissionalizados. Há uma grande preocupação com o cumprimento do que é prometido. As novas tecnologias são fundamentais”, explica.

Ricardo Sousa, CEO da Century 21 Portugal, é outro jovem que está à frente da rede ibérica da multinacional de mediação imobiliária. Admite que nos últimos anos houve uma forte aposta na inovação e formação nas várias áreas da indústria imobiliária com empresas mais profissionais, com mais visibilidade e opções de carreira, o que tem atraído muitos e novos talentos para o imobiliário português. “O que começou por ser uma tendência no imobiliário não residencial, em particular em Lisboa, é hoje uma realidade com dimensão nacional, do residencial ao não residencial, da construção à mediação, do público ao privado,enfim,em toda a cadeia de valor do imobiliário. Acredito que, com o bom senso, a experiência, o know-howo e apoio das gerações anteriores,a nova geração pode transformar para melhor a indústria imobiliária, com uma visão integrada de longo prazo e que acrescentará real valor ao País”, assegura.

Liderança no feminino é um desafio grande

A empreendedora Mariana Morgado Pedroso, arquiteta, que trouxe para Portugal a Architect Your Home, corrobora com os opiniões já apontadas e acrescenta que as principais dificuldades que encontra prendem-se com a competitividade existente neste mercado. “Os mais novos têm que provar o que valem, e o caminho a percorrer é longo, por vezes com fases desanimadoras, mas é preciso ser persistente e acima de tudo consistente na entrega”. A arquiteta adianta que a liderança no feminino é um desafio grande em Portugal, especialmente por existirem poucas mulheres em posições de liderança no mercado em geral, o que “não é exceção no mercado imobiliário e da construção, é sem dúvida, um meio de homens, por isso sinto muitas vezes que é necessário ir mais longe para provar o mesmo que um homem em posição semelhante - mas não acho que se deva olhar para o género como um handicap são apenas características diferentes, e acredito que as mulheres são excelentes líderes”. 

Também mulher e já há alguns anos no mercado, Sandra Bértolo Fragoso, gestora do Salão Imobiliário de Portugal – SIL, acredita que a nova geração do setor acompanha a evolução e o desenvolvimento do mercado global. A responsável aponta algumas exigências que são necessárias,como por exemplo novas regras, “é uma geração que tem de estar atenta e respeitar as directivas da União Europeia e ser mais exigente”. A gestora admite que é uma geração que aposta na formação e na especialização, “todas as novas formas de trabalhar o setor são acompanhadas pelas tecnologias baseadas na IoT (Internet of things) que se tornam necessárias e prementes, o que há uns anos atrás não tinham a importância e o dinamismo que hoje têm”.

A geração que não tem emprego para toda a vida

Para José Rui Meneses de Castro, Partner da MAP Engenharia, a realidade é que a nova geração cresceu num mercado mais competitivo, onde não se tem um emprego para vida e onde as tendências mudam. “Então têm de inovar, têm de acrescentar, têm de se aguentar no topo. E isso leva à procura da excelência. O mercado global e tecnológico faz com que tudo aconteça a uma velocidade vertiginosa.Logo, quem souber entender melhor e relacionar-se com este mercado global, assim como utilizar as ferramentas tecnológicas, será quem terá mais capacidade de resposta. Esses serão os players de referência do mercado”. O empresário admite mesmo que cada vez mais os jovens são respeitados. “Não aparecemos neste mercado de ‘pára-quedas’, toda a formação e percurso profissional, foi nesta área. E o que fazemos tem como objetivo criar valor, pelo que só faz sentido que sejamos respeitados”. 

Vasco Pereira Coutinho, diretor-geral da Lince Real Estate, promotora e mediadora imobiliária portuguesa pertencente ao GrupoTemple, considera que a nova geração está mais preparada. “Mas é importante que esta nova geração tenha passado pela mais recente crise do mercado. Essa sim é uma escola de vida. Saber ultrapassar, dar a volta por cima dos problemas e adaptar para o futuro. Existe muita gente nova no mercado sem essa experiência e que está entusiasmada com a dinâmica dos dias de hoje, isso pode não chegar para ajustamentos que venham a acontecer”. Mais do que a idade, o jovem promotor não considera que possam encontrar grandes dificuldades em termos de implementação no mercado, principalmente se trouxerem na bagagem experiência adquirida. Vasco Pereira Coutinho admite que o respeito pelos mais jovens é algo que existe. ”Acho que é um não tema. Existem muito bons profissionais nesta geração!”.

Filipe Lourenço, CEO e Sandra Camelo CFO da PrivateLuxury, consideram que os novos players independentes que apareceram no mercado, e que “estão a ter um percurso de sucesso, como nós, trouxeram à mediação imobiliária novas visões e formas de trabalhar, tendo mostrado que existem novos caminhos e que a mediação é muito mais do que apenas a venda de um imóvel”. Adiantam que os novos players trouxeram a este mercado pessoas mais qualificadas e com uma formação mais sólida, que lideram empresas que, mesmo atuando em nichos de mercado, são estruturas altamente profissionalizadas e eficientes, estando ao mesmo nível do que se pode encontrar em qualquer mercado sofisticado na Europa ou América do norte. Filipe considera que “hoje, qualquer das boas empresas do segmento tem profissionais dinâmicos, flexíveis, com vontade de singrar, qualificados, formados e informados, viajados, com facilidade no uso das tecnologias e abertura de mentalidade, que vêe conhece o mercado de forma global. Condimentos essenciais e valorizados pelos clientes”.

João Veiga, Founder & CEO da Dear Lisbon, explica que houve abertura do mercado, para a entrada de novos pequenos investidores, um setor visto como de grandes investimentos. “Com o valor imobiliário português subvalorizado internacionalmente, a necessidade de criação de valor de uma geração ambiciosa e o acesso a capital mais facilitado, levou à entrada de novos players no mercado”. O responsável adianta que a nova geração apanhou uma fase boa do mercado, entre 2014 e 2017, para se lançar numa primeira fase de investimentos, visto que o valor dom2 para reabilitação estava baixo, face ao boom do setor que viria a acontecer, tanto ao nível da hotelaria como do imobiliário para revenda. A nova geração encontra-se a dar ‘cartas’ num mercado que está a mudar rapidamente. Os desafios são muitos e as expetativas são altas mas todos os novos players estão conscientes que nem tudo são facilidades mesmo numa altura em que o mercado imobiliário é cada vez mais atrativo para investidores e o país está na ‘moda’.

Com este tema ”A nova geração do imobiliário: Desafios e Expetativas”, o Diário Imobiliário vai realizar uma conferência que irá decorrer no Salão Imobiliário de Portugal – SIL 2018, durante o dia 3 de Outubro das 15h00 às 17h00, no Auditório Real Estate no Pavilhão Camões – Pav.3, naFIL, Parque das Nações, em Lisboa.

*Texto publicado no Caderno do Diário Imobiliário no Jornal Económico