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Empresas criativas preferem sair de Londres para Lisboa

9 de outubro de 2017

Lisboa está à frente de Paris e Berlim na escolha de muitas empresas que estão actualmente em Londres, sendo vista como a "capital criativa do continente europeu". Quem o afirma é Rohan Silva, cofundador da Second Home da capital britânica.

Em entrevista à agência Lusa em Londres, o responsável afirma que as empresas internacionais e criativas querem Lisboa. Está muito à frente de Berlim e de Paris. Em parte devido à língua inglesa, que não existe em Paris. E depois, por causa do estilo de vida, como o surf e o clima, que é melhor do que em Berlim.

Há também a questão do custo de vida, que em Londres é muito elevado, e que está a levar muitas empresas a procurar alternativas.

"Para a comunidade criativa que está no Second Home em Londres, o principal problema é o custo do alojamento. O custo de vida é muito elevado. A falta de habitação em Londres é um problema maior do que o Brexit", lamentou.

A Second Home é um espaço de trabalho partilhado que se descreve como um "acelerador criativo" de empresas, promovendo a colaboração entre os utilizadores e a realização de eventos, como concertos ou conferências.

A expansão da empresa britânica para Lisboa aconteceu em 2016, dois anos depois do primeiro espaço em Londres, na sequência de umas férias na capital portuguesa, ainda antes de se saber que a Web Summit iria mudar-se para a cidade.

"Mesmo antes de abrir já dizia que Lisboa era uma cidade fantasticamente criativa e agora que abrimos continuo a dizer: 'É uma cidade fantasticamente criativa e uma ótima cidade para fazer negócios e investir'", disse.

O antigo assessor do ex-primeiro-ministro David Cameron revela que só teve contacto com as autoridades portuguesas seis meses antes da abertura e que não beneficiou de incentivos fiscais, mas elogia o governo e a autarquia socialista.

"O que posso dizer é que a nossa experiência com o governo português e a Câmara Municipal de Lisboa foi de grande receptividade e apoio. As políticas de investimento são bastante sensatas em termos de investimento e imigração. É inteligente do ponto de vista do socialismo, porque significa mais empregos e mais crescimento, mais receitas fiscais para investir em hospitais e escolas", comentou.

Rohan Silva não conhecia o termo "geringonça" com que é descrita o entendimento político entre o governo socialista, o Bloco de Esquerda, o PCP e o partido Os Verdes.

Embora esteja confiante de que o Brexit "não será uma catástrofe" para o Reino Unido, admite que a saída do país da União Europeia está a criar incerteza e que Portugal é atualmente considerado um ambiente seguro para o investimento.

"Ninguém diria há 10 anos que, comparando com Londres ou os EUA, Lisboa é uma cidade estável para fazer negócios. Devido ao [presidente] Donald Trump e ao Brexit, Lisboa é, na minha opinião, a cidade mais estável da Europa", defendeu.

Descendente de srilanqueses, onde a chegada de portugueses no século XVI é refletida ainda hoje nos apelidos dos habitantes, o empreendedor confessa-se convertido a Lisboa, onde tem aconselhado os seus investidores a aplicar dinheiro, seja em empresas ou em imobiliário.

Publicamente, também tem usado o exemplo português como modelo a seguir: na semana passada louvou numa coluna de opinião no jornal Sunday Times a forma como foi regulado o funcionamento da companhia de transportes Uber, que perdeu recentemente a licença para operar em Londres.

A Second Home está a preparar um investimento superior a 10 milhões de euros para abrir um segundo espaço de maior dimensão do que aquele que possui no primeiro piso do Mercado da Ribeira.

"O que nós queremos fazer em Lisboa é apoiar a criação de postos de trabalho. Ainda existem demasiados jovens talentosos desempregados. 6% de pequenas empresas de rápido crescimento criam 60% dos novos postos de trabalho em economias desenvolvidas e nós estamos a tentar ajudar mais empresas em Lisboa a encaixar-se nessa categoria", referiu.

A Second Home em Lisboa formou também uma parceria com a embaixada britânica em Portugal para um conjunto de palestras de empreendedores e intelectuais com o objetivo de inspirar e orientar os empreendedores portugueses.

A primeira sessão realiza-se na quinta-feira, com Martha Lane Fox, cofundadora do lastminute.com e administradora do Twitter, a quem se vai seguir o matemático e professor da universidade de Oxford Marcus du Sautoy.

Em contrapartida, a secretária de Estado da Indústria portuguesa, Ana Lehman, vai falar na Second Home em Londres na semana seguinte, para promover Lisboa como um destino de startups e capital de investimento.

LUSA/DI