CONSTRUÍMOS
NOTÍCIA
Actualidade

 

Banco de Portugal alerta para sobrevalorização do preço das casas

16 de julho de 2018

O preço das casas aumentou 30% desde 2013 e a tendência é de subida. O Banco de Portugal está preocupado: O rendimento dos portugueses não aumenta ao ritmo dos preços.

O Instituto Nacional de Estatística - INE divulgou recentemente que os preços dispararam, em média, 12,2% no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2017. Também para o mesmo período, os dados do Eurostat indicam que Portugal teve a quarta maior subida dos preços das casas da União Europeia.

Uma subida que preocupa o Banco de Portugal (BdP) e que a Proteste Investe também já tinha sobre os sinais de sobrevalorização dos preços das casas. A Proteste já tinha avançado que em 18 municípios da Área Metropolitana de Lisboa, o preço médio das casas anunciadas num site da especialidade estava acima do valor médio de avaliação bancária. "35% no caso dos T2 e 30% no caso dos T3. Na prática, isto significa que o sector bancário está a financiar imóveis que são vendidos por um preço superior ao da avaliação bancária", revela a Proteste.

A defesa do consumidor adianta ainda que a avaliação predial do imóvel deveria servir de indicador para o preço de venda. "Quando o Código do Imposto Municipal sobre Imóveis entrou em vigor, esperava-se que a avaliação dos imóveis para efeitos tributários se aproximasse entre 80 a 90% do valor do mercado. No entanto, o que se paga por um imóvel é sempre mais do que o valor do registo predial ou da própria avaliação feita pelos avaliadores certificados".  

Alerta mesmo que falta regulação ao mercado: "Os principais agentes imobiliários, que definem os preços de mercado, não são obrigados a ter formação certificada sobre avaliação imobiliária. Se o imóvel for comprado sem recurso ao crédito, este facto deixa os compradores desprotegidos, pois o preço do imóvel é fixado pela simples análise comparativa do mercado de imóveis com características semelhantes".

O BdP também deixa transparecer no seu relatório a sua preocupação, "o rendimento médio disponível em Portugal tem vindo a aumentar desde 2014. Contudo, como a média global do valor das casas também tem aumentado, a relação entre o preço dos imóveis e o rendimento disponível das famílias está quase aos níveis da anterior crise. Podemos estar financeiramente menos preparados para uma subida das taxas de juro de referência do mercado, tendo em conta este rácio, as taxas de juro implícitas ao crédito à habitação e a taxa de poupança das famílias (na altura, mais elevada)".

O Banco Central indica ainda que para agravar esta situação são estimativas para o próximo triénio que são de uma clara desaceleração: de 2,7% em 2017, a previsão desce para 1,7% em 2020.  

"A possível correção no mercado também pode vir do lado da oferta, com mais habitação disponível e a consequente redução dos preços se a procura se mantiver estável. Este factor é positivo para quem quer comprar casa, mas negativo para quem já comprou, pois vai ficar com um imóvel sobrevalorizado", indica a Proteste Investe.