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Aumento do preço dos imóveis retrai a venda no mercado imobiliário global, não é só em Portugal

22 de outubro de 2019

O aumento dos preços dos imóveis em todo o mundo levou a um declínio nas taxas de aquisição de imóveis em 22 dos 36 países desenvolvidos. Portugal está entre os que se verifica essa tendência. 

O relatório da Swinton Insurance revela que as taxas de imóveis residenciais no Reino Unido caíram mais nos últimos 10 anos, descendo de 11% para 65%. O Reino Unido é seguido pela Dinamarca (-9%), Islândia (-9%) e Eslovénia (-7%).

Gary Eggleton, diretor de marketing da Swinton, revela que alguns dos factores que contribuíram para a queda na taxa de propriedade de imóveis incluem o aumento dos preços dos imóveis a uma taxa maior do que os salários, levando a um mercado inacessível para os compradores. No Reino Unido, em média, uma casa custa oito vezes mais que o salário anual. 

“O custo de vida continuou a crescer a uma taxa mais alta do que os salários e a mudança de prioridades dos jovens adultos também os levou a ser apelidados de 'Geração do arrendamento' devido ao seu foco em experiências e não em materialismo”, salienta Eggleton.

O relatório mostra que as casas no Reino Unido custam 6% mais (por metro quadrado) do salário médio mensal do que a norma global, sugerindo que a acessibilidade é um factor-chave quando se trata de propriedade de casas. De acordo com o Institute for Fiscal Studies, os preços das casas na Inglaterra aumentaram 173% em duas décadas, mas o salário médio para jovens de 25 a 34 anos cresceu apenas 19% no mesmo período.

Outros fatcores em jogo incluem incerteza política e económica. Um relatório recente da Reuters revelou que o mercado imobiliário britânico diminuiu desde o referendo do Brexit de 2016, enquanto os últimos resultados do RICS mostram que o mercado imobiliário diminuiu novamente em Setembro, com novas vendas a cair ainda mais.

A análise de Swinton mostra que o país mais caro para comprar imóveis é a República Checa, onde custa três vezes o salário mensal de para comprar um metro quadrado. A França também é cara, com 2,7 vezes o salário mensal para comprar um metro quadrado. O país mais barato para comprar uma casa, em termos relativos, são os EUA, onde o salário mensal é de 2.525 libras e um metro quadrado custa 1.791 libras.

Para a propriedade da casa, o salário de uma pessoa influencia fortemente sua decisão quando se trata de alugar ou comprar. No Reino Unido, o salário médio mensal é de 1.825 libras e o custo médio para compra por metro quadrado é de 3.585 libras, o que equivale a um salário de dois meses para a compra de apenas um metro quadrado. Em comparação, o preço médio do arrendamento por mês, é menos da metade do salário médio mensal. 

No entanto, a pesquisa mostra salários e os níveis de propriedade da casa nem sempre estão ligados. Na Suíça, por exemplo, o salário médio é de 4.253 libras, mas a taxa de propriedade da casa é de apenas 42,5%. 

“Ao analisar os salários médios na Suíça, os suíços estão sujeitos ao maior custo por metro quadrado (8469,76 euros) quando se trata de comprar imóveis, além do alto custo de vida com as compras diárias, representando significativamente mais do que no Reino Unido ”, explica Eggleton.

Apenas três países registaram um aumento significativo nas taxas de imóveis residenciais na última década: Austrália (86%), Polónia (35%) e Japão (24%). Dos 36 países analisados, a Austrália e o Japão têm a oitava e a nona maior renda média mensal, respectivamente. Isso, por sua vez, resultou em proporções muito mais baixas de salários gastos com arrendamento: 43% dos salários para a Austrália e 40% para o Japão - ambos muito abaixo da média global de 53%.

“A queda do mercado imobiliário levantou sérias preocupações em relação à propriedade de moradias para os australianos, no entanto, o mercado australiano sofreu uma recuperação recente em seu mercado imobiliário em desaceleração com cortes nas taxas e regras de empréstimo facilitando a recuperação”, admitiu Eggleton.

Ele acrescenta que o Japão tem uma situação habitacional incrivelmente incomum, com mais casas do que pessoas, o que levou a um número significativo de casas vazias em todo o país. Enquanto isso, na Polónia, o mercado imobiliário permanece forte por causa do excelente desempenho económico do país, aumento dos salários e declínio do desemprego, combinados com baixas taxas de juros históricas. 

Portugal não é excepção

Portugal, como é sabido apresenta também uma grande discrepância entre o salário médio dos portugueses e o preço do metro quadrado. 

 O Índice de Preços da Habitação (IPHab) em Portugal aumentou 10,1% no 2º trimestre de 2019, face a idêntico período do ano anterior, 0,9 pontos percentuais (p.p.), acima do observado no 1º trimestre,  segundo o INE - Instituto Nacional de Estatística.

Em relação ao trimestre anterior, o IPHab cresceu 3,2% (3,6% no 1º trimestre de 2019). O aumento dos preços foi mais intenso no caso das habitações novas (variação de 4,1%), mais 1,1 p.p. que o observado nas habitações existentes.

O INE avança ainda que entre Abril e Junho de 2019 foram transaccionadas 42 590 habitações, traduzindo uma redução de 6,6% comparativamente com o 2º trimestre de 2018. O valor das transacções observadas neste período foi aproximadamente 6,1 mil milhões de euros, o que constitui uma redução homóloga de 1,9%.

Nas habitações novas observou-se uma aceleração dos preços, tendo-se registado a mais elevada taxa de variação desde 2013,10,3% (6,0% no 1º trimestre de 2019).

Quanto às transacções, entre Abril e Junho de 2019 venderam-se 42 590 habitações, o que representa uma redução de 6,6% por comparação com idêntico período de 2018. Esta é a primeira diminuição homóloga no número de transacções observada desde o 1º trimestre de 2013.

O instituto de estatística português adianta ainda que  as rendas das casas subiram 9,2% nos primeiros seis meses deste ano e o número de novos contratos de arrendamento em Portugal desceu 10,5% no 1º semestre deste ano. Já o valor dos novos contratos apresentou uma subida de 9,2%, face ao período homólogo, fixando-se em 5 euros/m2. 

Veja o relatório AQUI